Reflexão Final

 

As aulas

Simpatizo com a metodologia aberta e inovadora em que as aulas se desenvolvem e torna-se, por isso, mais difícil tecer críticas negativas à sua estrutura, ou talvez mais fácil, porque serão mais escassas e mais objectivas as que tenho a fazer.

Sei que este é um exercício reflexivo e que disponho de autonomia prévia para arguir sobre estas questões.

Um dos aspectos que penso ser importante salientar e sobre o qual penso que poderiam ser feitas alterações que resultariam no melhor funcionamento das aulas, é a avaliação. Penso que o portefólio é um instrumento interessante para avaliar o desenvolvimento, o interesse e os conhecimentos do aluno e é aquele que mais expressa a sua individualidade. Quando bem elaborado, estou certo que ocupa uma maior carga horária do que a preparação para qualquer exame e para além disso tem um âmbito mais transversal de integração de conhecimentos. É um projecto, uma construção com resultados expressos e por isso deveria ser o elemento fundamental do processo de avaliação. O exame é uma ferramenta metódica e bastante fechada, tornando-se muitas vezes errónea e não reflectindo directamente a aprendizagem. A motivação para esse tipo de avaliação é ainda muito inferior e quando esses processos são repetidos durante uma vida escolar tornam-se demasiado institucionalizados para não serem enfadonhos. É, na minha opinião, preciso uma mudança quanto mais não seja porque o ser humano é versátil e procura sempre a mudança como uma causa e uma finalidade. Às vezes é preciso mudar por mudar. Outras vezes existem razões para o fazer e já apontei algumas. Isto é, no entanto, uma opinião meramente pessoal e, provavelmente, pouco consensual.

Outro aspecto que penso que poderá ser limado será o número de aulas dedicadas à temática das teorias que me pareceu excessivo, quer no seu planeamento como na sua resolução e o processo de avaliação enfatizou em demasia esta componente.

A titulo de sugestão e não tanto como uma critica penso que, se for possível tornar a dinâmica de aula ainda mais participativa, poderá trazer benefícios para a aprendizagem dos alunos. No entanto reconheço que esta componente já é bastante valorizada e que a sua ampliação poderá também constituir um risco.

Aquilo que destaco como mais positivo e que me parece bastante útil em termos de organização de trabalho foi a aleatoriedade dos grupos, que possibilidade o confronto com diferentes métodos de realização de tarefas e permitiu discutir ideias. Nem sempre foi fácil e nem sempre foi, efectivamente um trabalho de grupo, na sua largura exponencial. Mesmo assim, foi interessante partir de pressuposto e de formas de trabalhar distintos para chegar a conclusões comuns em torno de um objectivo igualmente comum. O trabalho de grupo onde esta dinâmica esteve mais implícita foi no desenvolvimento do emblema.

Finalmente, destaco os desafios lançados pelo professor como uma aresta muito interessante para trabalhar futuramente, numa tentativa mais objectiva e mais impreterível da sua concretização. Falta na minha opinião mais um passo para que muitas destas ideias sejam expostas na prática por um público mais abrangente. São ideias interessantes e bastante exequíveis. Um dos objectivos foi pensado e executado por alunos da minha turma prática, devido à semelhança de horários. Organizamos portanto, jogos de futebol mistos no espaço da faculdade às quintas-feiras no espaço entre aulas. Embora este objectivo não tenha sido sempre concretizado e tenha tido uma frequência curta foi bom tentar aumentar os índices de actividade física numa prática colectiva em que a dinâmica social está sempre presente.

 

O meu percurso

A avaliação do meu percurso é resultado de um aprendizado selectivo, como aliás, sempre é. Nem tudo o que foi abordado durante as aulas me afectou, porque nem tudo foi pessoal. No entanto, considero que a forma como as aulas foram orientadas impeliu ao desafio do aluno, das suas capacidades e das suas potencialidades. Alguns assuntos abordados catalisaram a minha curiosidade e predispuseram-me a nutrir interesse por temáticas paralelas. Assim sendo, a organização das aulas não foi de todo um processo fechado e aquilo que retirei influenciou a minha perspectiva sobre o mundo em assuntos com uma extensão prática considerável. É inevitável e imprescindível considerar a valência da cadeira na influência como futuro professor e pedagogo em formação porque só assim faz sentido considerar a unidade curricular e o que dela faz parte. Porém, é possível ir para além daquilo que está estabelecido como “curricular” num domínio de acção restrito de uma área. Aprendo o que aprendo como homem e não só como projecto de professor, porque antes de ambicionar uma especialização já era um ser ambivalente que actuava numa sociedade multidisciplinar. O conhecimento não é valorizado quando o restringimos a determinados campos de acção e não lhes conseguimos dar um sentido prático no quotidiano.

 

O portefólio

O portefólio como qualquer projecto desta natureza, nasce de um “ponto zero”. É uma evolução constante, dentro de uma organização moldada aos nossos cânones e que subjaz uma estratégia de configuração. Não existe um projecto desta natureza que seja passível de ser aprimorado até uma conjuntura ideal. Por isso é fácil apontar aspectos a melhorar. Não obstante, procurei centrar-me em questões que considerei fulcrais, como a simplicidade e a organização de conteúdos, por forma a facilitar o meu trabalho e o de quem consulta. Subdividi em tópicos centrais, integrando nas “Aulas” todo o conteúdo subjacente ao desenvolvimento das temáticas e não me extenuando em questões ora objectivas ou reflexivas, quis dar uma dimensão global, crítica e transversal aos conteúdos trabalhados. Penso que esta opção por uma dinâmica sequencial me ajudou a integrar melhor os conhecimentos e a fazer o transfer entre temáticas. Poderiam ter sido utilizados mais recursos literários para complementar as aulas, dado que nem todas foram discorridas da mesma maneira. As fichas de leitura foram orientadas de uma forma prática e sucinta, porém deveras trabalhosa na sua resolução. Recorri sobretudo a excertos que considerei propícios à discussão num espaço como este. Os recursos videográficos expostos nas temáticas paralelas contêm filmes com significância no âmbito da pedagogia e da psicologia. Foram seleccionados como um instrumento complementar ao desenvolvimento deste dossier, sem descurar o seu valor. Em “Documentos de Apoio” aglomerei toda a documentação que achei relevante para consulta de aspectos abordados nas aulas e outros que foram uteís na elaboração deste portefólio. Finalmente conclui com uma “reflexão crítica” sobre a cadeira e os seus elementos e com uma “sitografia/bibliografia” para consulta de hiperligações relevantes.

Os objectivos a que me predispus foram, de grosso modo, alcançados. Foi um projecto muito trabalhoso mas simultaneamente satisfatório por ser um projecto e por parecer que pode ser sempre aprimorado e por ter uma grande dimensão pessoal e liberdade de acção.