Filme - "Die Welle (A onda)"
Este filme é um retrato de uma apropriação mental baseada em princípios autocráticos que é imposta progressivamente por um professor aos seus alunos. Para isso serve-se da criação de uma "cultura", uma imagem simbólica de princípios (ideologia, líder, disciplina, união, uniforme, símbolo, cumprimento, etc.) que unem um grupo de pessoas e que, de forma descontrolada, ganha contornos violentos e separatistas.
A pergunta de ordem que desencadeou esta trilha foi "Acham que seria possível instalar uma nova ditatura na Alemanha?"
À luz das crenças modernas e dos resultados do passado os alunos negaram categoricamente esta interrogação. Porém, foi possível constatar que a autocracia ainda está muito enraizada na matriz ideológica do sujeito moderno, o que se poderá associar, em certa medida, a questões sócio-históricas mas que não finda no seu âmbito. Podemos recorrer a inúmeros exemplos de situações assemelhadas ao longo do desenvolvimento do homem, como o conhecemos, e veremos que a sociedade sempre se organizou de uma forma hierarquizada. Olhando para a sociedade nos moldes em que a conhecemos, torna-se um exercício sobremaneira difícil tentar imagina-la segundo um panorama de organização horizontal, porque sempre atribuímos o "governo" a uma entidade específica e não à responsabilidade do homem no seu todo. Não sei se por razões subjacentes à natureza humana ou se por estes fenómenos sociais que tentei sumarizar, observo que a democracia tem que ser ininterruptamente ensinada ao homem, correndo riscos de falhar, enquanto a autocracia se desenvolve nele como que espontaneamente. Já pensei sobre isto e as razões que posso apontar serão, sobretudo, a diferença de complexidade entre as duas organizações e a necessidade de poder e ambição desmesurada do homem. No entanto, isto são reflexões de ordem meramente especulativa e pessoal, não pretendo com eles teorizar no sentido formal e cientifico do léxico, antes sim pensar e partilhar.
Penso que o filme passa uma mensagem clara e plausível, talvez não na forma em que acontece no filme, mas na sua resolução e no princípio genérico da ideia, sobretudo, por que se baseia numa história verídica, facto que aumenta a graveza e a perplexidade dos acontecimentos.